Às
vezes é tão difícil passar por algumas situações. Como desapegar
de um móvel antigo no canto da sala. Ou por exemplo aquela calça
“jeans” que você tanto gosta, mesmo tendo uma dezena de opções,
algumas vezes você só quer aquela que melhor se ajusta ao seu
corpo. Difícil romper com hábitos que criamos, e pelos quais somos
influenciados.
O
rompimento não é algo fácil. Voluntário ou não, é sempre uma
difícil missão. A dificuldade está em aceitar se desligar de algo
que não faz mais sentido em nossas vidas. Ou simplesmente aquilo
pelos quais somos obrigados a desapegar. Pela vida, pela família,
pelas amizades, pelo sistema, pelos outros, ou por nós mesmos. E o
caminho mais fácil para o desapego está em nós. Na própria
vontade de se afastar. Não mais assistir aquela novela que tanto o
diverte, mas rouba o seu tempo de estudos. Em parar de comer
chocolates. Esquecer aquele amor não correspondido, mas que é o
amor da sua vida.
O
rompimento é sinônimo também de coragem, pois é preciso muita
coragem e força de vontade para enfrentar e se libertar de algo.
Existem rompimentos passageiros, demorados ou definitivos. Todos são
difíceis, todos podem te trazer dor. Todos podem te transformar.
Quando você opta por romper com algo, alguém ou algum lugar. Você
vai sentir os efeitos rapidamente. E grande parte dos rompimentos são
encarados como momentos de dor. A dor da perda de um emprego, da
perda de um ente querido, até mesmo quando você perde o ônibus por
uma questão de 5 minutos por exemplo. Mas a pior dor, penso que seja
da oportunidade perdida. E é a tentativa de fazer algo que você
sonha, que vai determinar se valeu a pena ou não, o rompimento. Uma
oportunidade perdida dói mais que a tentativa mal sucedida.
Na
infância é mais fácil romper. Ficar de “belém-belém” com um
coleguinha. E dias depois voltar a se falar, como se jamais tivesse
acontecido algo. Com o tempo você vai crescendo e os rompimentos
ficam mais sérios. Agora você já começa a perceber que as
mudanças já não são mais tão bacanas como nos tempos de criança,
onde tudo é uma grande aventura. Você começa a se conscientizar e
pensar nas consequências das escolhas. E certo de que tudo na sua
vida é uma escolha, fica difícil romper com o que pode ser o seu
grande desejo, o seu grande sonho, e sua grande chance.
Mas
não se sentir preso as suas escolhas é libertador. Chegará um
momento em que o móvel velho, vai dar espaço ao móvel novo,
chegará o momento em que um corte na sua calça “jeans”
desbotada vai deixá-la como se fosse artigo de luxo, chegará um
momento em que seus cabelos castanhos terão que escolher se irão
ficar sem cor, ou se vão se aventurar em um novo tom. Que tal testar
um verde esperança? Ou exagerar no “pink” ?
Escolhas
definitivas irão exigir mais capacidade de superação. E existem
situações inevitáveis. E neste caso, você vai precisar de toda
ajuda possível. De um abraço apertado. De um conselho amigo. Do
colo da mãe. Uma oração sincera, ou simplesmente de um bom café.
Vai
ser difícil romper, apagar o número da agenda, traçar outra rota
para o trabalho, começar aquela dieta. Mas você precisa tentar,
levantar a cabeça, sentir coragem. Criar forças . Se houvesse
receita pronta para tudo na vida, tudo seria mais previsível.
Mas
tem algumas coisas na vida que o tempo não vai apagar, e mesmo que
você tente esquecer. Não há nada que te faça romper com essas
lembranças. Então a melhor coisa, é romper com aquilo que te
trava, que não acrescenta em sua vida, que não te transforma. Não
é uma questão de interesses. É você pensar em valorizar aquilo
que desperta o melhor que existe de si. Pois assim as boas
lembranças da sua vida serão preservadas.