quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Rompimentos

Às vezes é tão difícil passar por algumas situações. Como desapegar de um móvel antigo no canto da sala. Ou por exemplo aquela calça “jeans” que você tanto gosta, mesmo tendo uma dezena de opções, algumas vezes você só quer aquela que melhor se ajusta ao seu corpo. Difícil romper com hábitos que criamos, e pelos quais somos influenciados.
O rompimento não é algo fácil. Voluntário ou não, é sempre uma difícil missão. A dificuldade está em aceitar se desligar de algo que não faz mais sentido em nossas vidas. Ou simplesmente aquilo pelos quais somos obrigados a desapegar. Pela vida, pela família, pelas amizades, pelo sistema, pelos outros, ou por nós mesmos. E o caminho mais fácil para o desapego está em nós. Na própria vontade de se afastar. Não mais assistir aquela novela que tanto o diverte, mas rouba o seu tempo de estudos. Em parar de comer chocolates. Esquecer aquele amor não correspondido, mas que é o amor da sua vida.

O rompimento é sinônimo também de coragem, pois é preciso muita coragem e força de vontade para enfrentar e se libertar de algo. Existem rompimentos passageiros, demorados ou definitivos. Todos são difíceis, todos podem te trazer dor. Todos podem te transformar. Quando você opta por romper com algo, alguém ou algum lugar. Você vai sentir os efeitos rapidamente. E grande parte dos rompimentos são encarados como momentos de dor. A dor da perda de um emprego, da perda de um ente querido, até mesmo quando você perde o ônibus por uma questão de 5 minutos por exemplo. Mas a pior dor, penso que seja da oportunidade perdida. E é a tentativa de fazer algo que você sonha, que vai determinar se valeu a pena ou não, o rompimento. Uma oportunidade perdida dói mais que a tentativa mal sucedida.

Na infância é mais fácil romper. Ficar de “belém-belém” com um coleguinha. E dias depois voltar a se falar, como se jamais tivesse acontecido algo. Com o tempo você vai crescendo e os rompimentos ficam mais sérios. Agora você já começa a perceber que as mudanças já não são mais tão bacanas como nos tempos de criança, onde tudo é uma grande aventura. Você começa a se conscientizar e pensar nas consequências das escolhas. E certo de que tudo na sua vida é uma escolha, fica difícil romper com o que pode ser o seu grande desejo, o seu grande sonho, e sua grande chance.

Mas não se sentir preso as suas escolhas é libertador. Chegará um momento em que o móvel velho, vai dar espaço ao móvel novo, chegará o momento em que um corte na sua calça “jeans” desbotada vai deixá-la como se fosse artigo de luxo, chegará um momento em que seus cabelos castanhos terão que escolher se irão ficar sem cor, ou se vão se aventurar em um novo tom. Que tal testar um verde esperança? Ou exagerar no “pink” ?

Escolhas definitivas irão exigir mais capacidade de superação. E existem situações inevitáveis. E neste caso, você vai precisar de toda ajuda possível. De um abraço apertado. De um conselho amigo. Do colo da mãe. Uma oração sincera, ou simplesmente de um bom café.

Vai ser difícil romper, apagar o número da agenda, traçar outra rota para o trabalho, começar aquela dieta. Mas você precisa tentar, levantar a cabeça, sentir coragem. Criar forças . Se houvesse receita pronta para tudo na vida, tudo seria mais previsível.

Mas tem algumas coisas na vida que o tempo não vai apagar, e mesmo que você tente esquecer. Não há nada que te faça romper com essas lembranças. Então a melhor coisa, é romper com aquilo que te trava, que não acrescenta em sua vida, que não te transforma. Não é uma questão de interesses. É você pensar em valorizar aquilo que desperta o melhor que existe de si. Pois assim as boas lembranças da sua vida serão preservadas.





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